Agroecologia e Movimento Social
A discussão do tema visa difundir e fortalecer a Agroecologia no plano nacional e internacional. Historicamente, em fins dos anos 60 implantou-se no Brasil a Agricultura Moderna, chamada de capital intensiva. É um tipo de agricultura degradadora do meio ambiente e socialmente excludente, utiliza muitos insumos, consome muita energia e introduz muitos agroquímicos nos solos. Nos fins dos anos 70 criou-se um movimento de resistência chamado de agricultura alternativa.
A chegada de outros povos ao Brasil deu início a um processo de devastação muito grande e um processo criminoso com o ser humano, porque toda mão de obra foi escravizada. Sempre foi aplicada uma política voltada ao grande latifúndio e nunca uma política que valorizasse a pequena e média escala de produção. A agricultura familiar surge no Brasil no final do século XIX, com as colonizações no Sul e com o fim da escravidão e as imigrações europeias.
Do fim do século XIX até a metade do século XX o Brasil vinha caminhando na busca de um modelo de agricultura próprio. Os nossos antepassados praticavam uma agricultura diversificada, voltada para a agroecologia, havia a preocupação com as sementes, não plantavam áreas muito extensas e tinham a preocupação de armazenar o alimento para o consumo.
A partir dos anos 50 tem início o discurso da modernização da agricultura, tecnologia capital intensiva, capital que não tínhamos, modelo poupador de mão de obra – e que para nós é uma questão central ocupar a mão de obra na economia – e um modelo de produção ecologicamente inadequado.
Com a modernização aconteceram várias disfunções e impactos na agricultura: degradação de solo, desmatamento, assoreamento de curso d’água, contaminação dos trabalhadores por agrotóxicos e a perda da soberania genética (privatização dos recursos genéticos). A perda das sementes é a perda da nossa própria soberania, trata-se da nossa cultura e a vida de um povo. O discurso do agronegócio vê a agricultura como negócio, não vê as relações sociais de produção e nem sua relação com o Meio Ambiente.
A agroecologia é ciência, técnica e movimento. Tem como envolvidos produtores, sindicalistas, professores, trabalhadores rurais, representantes de ONG’s, órgãos públicos e movimentos sociais. Atualmente há uma parceria entre Universidades e produtores, que orienta a teoria e a pratica de muitas pessoas que se propõem a implantar no país um modelo economicamente sustentável e socialmente justo.
Agroecologia vem no sentido de resgatar técnicas e práticas, muitas delas de domínio do produtor. Busca trabalhar o conhecimento do produtor e também o conhecimento cientifico, mas na perspectiva de um agricultor mais independente de coisas que vem de fora do seu sistema. Na recuperação de áreas degradas, tem favorecido a ideia de áreas de inclusão permanente com alta produção de alimentos, gerando segurança alimentar para as populações.
Referência Bibliográfica: COSTA, Manoel Baltasar Baptista. Agroecologia no Brasil: História, princípios e práticas. 1ª Ed. São Paulo: Expressão Popular, 2017