Animação Mostra a Hedionda Relação Entre Natureza e Sociedade
Desde os primeiros questionamentos a respeito da essência humana, a relação entre nós e a natureza adquire posição central, criando sistemas filosóficos que buscam compreender e fornecer sentidos e propósitos a vida. Em contraposição ao pensamento dos primeiros filósofos gregos, cuja perspectiva concebe a si mesmo enquanto parte da unicidade do universo, a tradição judaico-cristã se consolida através da distinção clara entre os indivíduos e o restante da natureza. Torna-os elementos de maior atenção divina, criados a imagem e semelhança de Deus. Essa concepção é fortemente reforçada pelos ideais iluministas, aonde a elevação do humano enquanto categoria central na organização do mundo torna-o peculiar diante da natureza. Em consequência da distinção realizada, o domínio das condições naturais torna-se condição vital para a prosperidade e bem-estar social.
Com a consolidação do capitalismo moderno, as relações sociais orientadas pelo consumo se intensificam, impactando profundamente nas dinâmicas de produção e apropriação dos espaços e elementos naturais. Conhecido pela ousadia, força e linguagem direta e crítica a sociedade atual, o artista inglês Steve Cutts traça um panorama das atuais relações de consumo em sua mais nova animação “Man”, evidenciando o poder destrutivo do humano na interação com o restante do mundo natural. Em suas obras, as análises do autor se atentam ao desenvolvimento e atuação não sustentáveis das indústrias em todo o mundo. O curta mostra diversos animais que são abatidos de forma brutal por setores atuantes em diversos ramos do mercado, desde a moda e gastronomia até as indústrias de base. A produção desenfreada de lixo, a exploração animal enquanto entretenimento humano e a devastação ambiental são outros problemas apresentados na animação.
Em “Man”, Cutts traça um cenário devastado pela destruição sumária do meio ambiente evidenciando a naturalidade das atrocidades cometidas pelo personagem, entendidas enquanto partes integrantes do nosso modo de vida.
Em decorrência da dominação fundada na distinção entre nós e todo o universo, os hábitos de matar, explorar e dominar são atribuídos como direitos da espécie humana, sem a consideração dos reais impactos ambientais resultantes desse processo. A devastação dos recursos naturais podem ocasionar a extinção de diversas espécies e recursos fundamentais para a manutenção do meio ambiente, condição fundamental para a vida no planeta.
Com quase três milhões e quinhentas visualizações na internet, “Man” faz um alerta a todos nós sobre os perigos dos estilos de vidas fundamentados no consumo dominantes em nossa sociedade.