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Foto do escritorRenan Augusto Ramos

O ensino é assunto sério!


O processo de escolarização das pessoas é uma das dimensões sociais mais importantes para a organização de toda uma sociedade. É o momento em que se permite toda a passagem de conhecimentos acumulados historicamente para os indivíduos. Por intermédio de seus docentes, os alunos tomarão contato com temas e assuntos que em suas vidas cotidianas não seriam possíveis. A escola tem um papel fundamental enquanto fomentador das possibilidades de ascensão social, na medida em que o ensino prepara, sobretudo, para o posterior mercado de trabalho. Torna-se claro que a importância do aprendizado não se restringe a esse aspecto. Ele também se alarga para uma função essencial que é: a promoção de cidadania dos indivíduos. Ensinar os códigos de significação cultural da linguagem e escrita proporciona uma inserção das pessoas na coletividade como um todo.

No Brasil, somos capazes de evidenciar uma defasagem muito grande no sistema educacional, que se apresenta como insuficiente para cumprir todos os papéis aos quais ele foi designado. O ensino público (básico e médio) não consegue comportar e suprir todas as demandas que lhe são postas. Não se consegue dar uma formação consistente para os alunos, no que tange aos conteúdos normativos, bem como não se é capaz de preparar os indivíduos para as relações sociais complexas que observamos no cotidiano.

O filme “Escritores da Liberdade” (2007) nos fornece um panorama das dificuldades que se pode enfrentar para quem objetiva aplicar um processo de ensino-aprendizagem saudável. Desestímulo a profissão docente, falta de apoio por parte das instâncias maiores de ensino, bem como divergências entre os alunos, são problemáticas que podem impossibilitar um bom trabalho dentro das salas de aula. O filme retrata exatamente as dificuldades enfrentadas pelos docentes na sua busca por exercer suas profissões de modo satisfatório, na medida em que se deposita toda a sorte do destino nas ações particulares. Apresenta-se uma problemática muito grande ao estender as funções da docência para alem de sua especialidade de trato dos temas e conteúdos em sala de aula. Há de se fomentar essa exclusividade!

Como um todo, o bom funcionamento do ensino perpassa uma articulação bastante complexa entre diversas instâncias, fatores e dimensões políticas. A intensa valorização da profissão docente, acompanhada de todo o respaldo financeiro para aquisição de materiais e, até mesmo, atividades extracurriculares, é fundamental para estimular a autonomia do professor dentro de sala de aula, pois todo o pano de fundo propício se torna existente. A boa infra-estrutura escolar também deve estabelecer uma suficiente inter-relação com salas de aula bem equipadas e confortáveis para o período de ensino, com um número proporcional de alunos em relação aos professores. Evitar a superlotação de salas de aula é um ponto primordial para que o tratamento mais humanizado seja proporcionado e se torne uma realidade imperiosa, promovendo um caráter próximo entre professores e alunos dentro do contexto de ensino-aprendizagem, impossibilitando assim que se tratem os alunos de maneira impessoal e restrita às estatísticas dos números.

Dessa maneira, estabelecer a boa articulação de todos esses elementos tira de cena a necessidade de sobrecarregar os docentes que realizam esforços desumanos para conseguirem cumprir suas funções em salas de aula. O filme nos passa uma mensagem de superação dos enormes desafios, porém, estimular esse tipo de situação serve apenas para tirar do foco a real origem de todo o problema. Colocar todo o peso do sucesso ou fracasso nas costas dos professores é uma desonestidade que deve ser abolida dentro das posturas governamentais, bem como em seus planos de políticas educacionais. Enquanto estudantes engajados e futuros docentes, nós precisamos batalhar por uma escola pública de qualidade, democrática e universal, tendo em vista seu papel social de extrema importância.




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