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Foto do escritorLuana Di Pires

Da fome ao desperdício: A ambiguidade da nossa vida alimentar


O relatório publicado por agências da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira (11) apontou o aumento do nível de desnutrição mundial pelo terceiro ano consecutivo, chegando a níveis de décadas passadas. Um total de 821 milhões de pessoas, sendo uma em cada nove no mundo não dispõe de alimento suficiente em seus lares.

Essa estimativa torna-se mais assustadora quando que, pelo mesmo estudo, é constatado que 151 milhões de crianças com até 5 anos de idade sofreram de desnutrição em 2017, ao mesmo tempo em que 672 milhões de adultos (um em cada oito) estão obesos. Esse é mais um estudo que reflete a desigualdade no mundo, primeiramente no setor da saúde, mas podemos perceber que a alimentação é responsável pelo impacto em vários segmentos da sociedade, especialmente políticos e econômicos.

A alimentação se torna eixo da economia quando analisamos o relatório da FAO (Agência da ONU de combate à fome) de 2013, constatando que o custo de toda comida desperdiçada no mundo gira em torno de 750 bilhões de dólares por ano, onde um terço de toda comida produzida no planeta por ano é jogada fora. A Europa sozinha desperdiça 222 milhões de toneladas de alimentos todos os anos, o equivalente a toda a produção de alimentícia da África Subsaariana.

Em regiões desenvolvidas como o continente Europeu, o maior motivo que leva comida para o lixo é a estética, as pessoas adquirem o habito de não comprar ou de jogar fora em suas casas os alimentos com aparência abatida, com feridas ou murchas. Em escala global, muito do desperdício vem da própria empresa que fabrica ou transporta os alimentos, por não atingir as características físicas desejadas ou por estragarem em transportes de grande distância, sendo a monocultura, que nos faz ter muitos plantios de determinados alimentos apenas em uma região do país é um desses problemas. O problema do desperdício pelas empresas agrícolas acaba impactando a própria produção, que precisa produzir mais para contar com o desperdício, e desta forma, a economia. Outro setor que é impactado é o ambiental, pois muitas vezes o descarte de lixo orgânico é feito junto com os demais dejetos produzidos, ocorrendo o risco de contaminação e a fabricação de um chorume tóxico, contaminando os aterros sanitários.

O mundo produz comida suficiente para se alimentar, mas o capitalismo exacerbado gera a desigualdade e a fome, como muitas vezes assistimos caminhões de alimentos sendo jogados fora por simples baixas dos preços. A visão de mercadoria sobre a comida reflete no desperdício da mesma. Como evitar o desperdício? Podemos começar tentando consumir mais produtos dos agricultores locais, e que não se apeguem a monocultura combatendo o desperdício pelos longos transportes e ajudando a agricultura familiar.

Mudar a visão que temos sobre os alimentos é uma necessidade urgente. Se comprarmos um maracujá, por exemplo, a maioria das pessoas retirará a poupa e jogará a casca fora. Do maracujá inteiro, apenas 35% é a poupa, ou seja, 75% do seu dinheiro foi para o lixo.

Aprender a utilizar cascas, folhas, caules e sementes na alimentação é uma forma de também economizar dinheiro. Ter uma pequena horta em casa, mesmo com pequenos temperos ou hortaliças, é uma forma sustentável de economizar e não desperdiçar. São pequenos passos mas que podem contribuir para um mundo com menos desigualdade.

REFERENCIAS

FAO. 2013. Food wastage footprint: Impacts on natural resources - Summary report (Disponível em http://www.fao.org/docrep/018/i3347e/i3347e.pdf)

DW. 2018. Uma em cada nove pessoas no mundo passa fome diz onu (Disponível em https://m.dw.com/pt-br/uma-em-cada-nove-pessoas-no-mundo-passa-fome-diz-onu/a-45441441)

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