Gentrificação: a Reestruturação do Espaço Urbano como um Fenômeno Não Universal
Você sabe o que é gentrificação? Este termo surgiu com Ruth Glass que compara a expressão com a classe média alta inglesa – gentry; assim, pode ser entendido como o processo de enobrecimento, aburguesamento ou elitização de um determinado local, um fenômeno da sociedade Pós-Industrial, que se iniciou em meados da década de 1970 e que, motivada pelo interesse privado, tende a ocorrer em bairros centrais, históricos ou com potencial turístico. Tal processo, guiado por objetivos econômicos, envoltos no processo de valorização e desvalorização dos espaços urbanos, relacionado à especulação imobiliária, levam à expulsão de antigos moradores – em sua maioria de baixa renda e que antes viviam em um local desvalorizado –, a partir do aumento do custo de vida como aluguel, conta de luz e idas ao mercado, para áreas cada vez mais periféricas. A gentrificação, então, ocorre através de melhorias e mudanças econômicas, sociais e culturais que acarretam na elevação do status, sendo estas estruturais, como segurança pública, parques, iluminação, ciclovias, maior variedade de comércio e restaurantes etc.
A gentrificação pode ser vista inicialmente como o processo de “reconquista urbana”, expressão utilizada por Castells, uma transformação física, social, funcional e simbólica da ocupação do solo, mas que tendo como elemento típico o deslocamento de grupos populares, isto é, o desalojamento de moradores da classe trabalhadora pelo avanço da fronteira da lucratividade, torna o processo de reestruturação como o de criação de uma área de recreação burguesa.
“Condomínios de luxo, lojas de sorvete orgânico, cafeterias que servem café com leite de soja e lojas de chocolates que vendem marcas do Equador e de Madagascar estão rapidamente tomando o lugar de lojas de 99 centavos, bodegas e apartamentos de alugueis controlados no Mission District, bairro latino da classe trabalhadora”, escreve o jornal The New York Times.
Além disso, a gentrificação também se assemelha às ideias de revitalização, urbanismo tático e placemaking. Apesar das pequenas diferenças conceituais desses três termos citados, há uma diferença essencial que separará tais fenômenos da de gentrificação, a ideia de bem-estar da comunidade local, através de um planejamento do espaço público (ex.: bairros vivos e convidativos), que parte de uma demanda social específica (ex.: reformar alguma praça) beneficiando os moradores do entorno, ou seja, as transformações devem ter origem na própria comunidade que utiliza o espaço.
No Brasil, podem ser observados fenômenos como esse nos bairros da Lapa e Vidigal, no Rio de Janeiro e na Vila Madalena, em São Paulo. Com isso, abre-se abertura para a discussão da importância de criar um espaço para todos e um projeto de cidade inclusiva, deixando sempre a questão: inclusiva para quem?
Confira mais AQUI!